Moura Salúquia


Totalmente realizada e pintada à mão.
Composição: tecidos vários, enchimento e tintas acrílicas.
Dimensões aproximadas: 26 x 12 cm
(15 mouras + portes)

"À conquista de Moura, em 1166, está ligada a famosa lenda de Salúquia, suposta alcaidessa moura do castelo, que se teria precipitado da torre de menagem à vista dos cavaleiros inimigos."

( em "Guia de Portugal" de Sant'Anna Dionísio, 1927)


" Folheando o volume III do Domingo Ilustrado do recuado ano de 1898, eis a lenda, aliás não assinada, da tomada de Moura aos Mouros, feito este que deu base ao brasão de armas que o concelho ainda ostenta:" Corria o ano de 1166. D. Afonso Henriques, aclamado rei de Portugal nos plainos de Ourique, tinha expulsado os infiéis da Estremadura, e combatia sem descanso para os expelir do Alentejo, cujo terreno lhe disputavam palmo a palmo, em luta porfiosa e desesperada. Era então alcaide do Castelo da antiga Arucitana um mouro nobre e opulento, senhor de muitas terras do Alentejo. Abu Assan, que assim se chamava, tinha uma filha por nome Salúquia, a quem amava ternamente. Em prova do seu afecto, dera-lhe em dote aquele castelo, por ele reedificado e guarnecido com tudo quanto era mister para conforto e defesa.
A jovem moura, tão ricamente dotada, não tardou a contratar o seu casamento com um agareno, não menos rico e poderoso, e também alcaide do forte Castelo de Arouce. Chegada a ocasião dos desposórios, pôs-se a caminho Braffma, era o nome do noivo, seguido de uma numerosa e luzidia calvagada. Ao entrarem, porém, num vale estreito e sombreado por espesso arvoredo, caíram sobre eles alguns cavaleiros cristãos, tão de improviso, e com tal fúria e denodo, que em breve espaço de tempo se viu o chão juncado de cadáveres, não escapando com vida um só sarraceno. Foi esta acção uma empresa de antemão combinada e disposta;e foram autores dela dois fidalgos da corte de Afonso Henriques, chamados Álvaro Rodrigues e Pedro Rodrigues. Apenas foi concluído este primeiro acto de drama, apressaram-se os dois fidalgos, e os outros seus companheiros de armas, a despojar os corpos dos mouros de todos os fatos e adornos, e, trocando-se pelos seus, num momento se acharam transformados em perfeitos cavaleiros mauritanos.Assim disfarçados, seguiram o caminho do castelo da noiva, entoando  alegres vozes e gritos ao modo dos Sarracenos. A desditosa Salúquia, que esperava, ansiosa, a vinda do consorte, viu da janela do alcácer aproximar-se a brilhante e jovial comitiva. Com o riso nos lábios e o coração a transbordar esperança de felicidade, correu a ordenar à sua gente que baixasse a ponte levadiça e abrisse de par em par as portas da fortaleza para receber o seu novo senhor. A sua ilusão, porém, passou rapidamente, como o relâmpago. As vozes de alegria e paz,que os cavaleiros entoavam ao transpor os fossos do castelo, em breve se converteram no retinir das armas, nos alaridos da guerra e, enfim, nos brados de vitória. O sagrado pavilhão das quinas tremulava já, triunfante,sobre as ameias da cidadela. A praça estava rendida aos pés do vencedor, mas não assim a sua altiva senhora. A desgraçada Salúquia, preferindo a morte à escravidão, arremessara-se do alto da torre que defendia a entrada da fortaleza. Em memória deste sucesso, tomou a terra o nome de vila de Moura. e por seu brasão de armas um escudo com um castelo, e junto à porta deste uma mulher morta."

("Tinha uma filha por nome Salúquia", em "Portugal Lendário", de José Viale Moutinho)


Curiosidades:


A partitura para piano da valsa «Sallúquia. A bela Moura»(1906), de Alfredo Keil (1854-1907). A capa, mostra a imagem da Moura, tema da valsa encomendada pelas Águas de Moura (Água  Castelo). 


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